quinta-feira, 27 de maio de 2010

Em cada rosto, uma história.


Cada rosto tem uma história. Uma história sobre amores eternos. Sobre amores curtos, sobre alegrias pequenas. E grandes. Um rosto é a história sobre as pessoas que fomos. Sobre as pessoas que queremos ser. Sobre caminhos, sobre encontros. Um rosto é uma história sobre os espelhos que nos viram. Um rosto é uma história escrita pelo tempo. Cada rosto tem uma história.


segunda-feira, 17 de maio de 2010

Idas e Vindas

E se algum dia perguntarem por mim diga que sumi. Que talvez eu volte. Que talvez eu note, a falta de alguém.
E se sentirem minha falta diga que eu volto. Só não sei quando, acho melhor assim..
Os meus planos enrolados em um pano, daqui a pouco vou partir.
Alguma coisa me diz que já estou atrasada e que todos só esperam por mim.
Faço uma reza, beijo meu cachorro e saio por aí.
E os planos no pano são sonhos da vida que eu quis.
Mas ainda não desisti.
E quando eu estiver voltando, na minha bagagem estarão apenas as memórias que eu quiser.
E esse caminho da volta a saudade vai bater.
Lembrarei do meu edredon, do cheiro de canela do hall do apartamento, do sorriso exuberante de minha mãe e o abraço meio acanhado do meu pai.
Vou desejar estar na minha cama com meu bichinho de pelúcia ao meu lado.
De repente me pego em um despertar, em um lugar bem familiar. O inconfundível cheiro de canela..
E então começo a pensar que poderia sumir daqui, que talvez, algum dia, eu voltaria...

(Tuanne Feitosa)




Esses dias a minha professora de gramática deu uns textos pra classe, pra gente analisar umas coisas e tal. Ela deu pro meu grupo um que falava sobre a finitude humana. Eu nunca tinha parado pra pensar no assunto e depois de ler percebi que realmente as pessoas só se despertam para a finitude da vida quando o assunto 'morte' lhes ocorre, ou quando deparamos com a morte de alguém querido. Bom, eu achei o texto na internet e resolvi compartilar. Leiam, vale a pena!

Finitude
Martha Medeiros
O finito se expressa quando dou conta da existência de milhões de pessoas que jamais irei conhecer.

Para muitos, a finitude humana pode ser percebida pelas rugas que se multiplicam a cada ano no espelho, pelo vocabulário que soa inadequado ou pelo simples tique-taque do relógio pendurado na parede da cozinha. A finitude humana pode, ainda, ser detectada pelos filhos que crescem e pelos netos que nascem. A mim, a finitude se apresenta todo santo dia numa parada de ônibus, numa ciclovia, no balcão de um posto de informações. Meu carro passa veloz por uma rua e vejo um homem esperando o transporte que o levará de volta para casa. Um homem qualquer, que eu olho uma única vez e nunca mais tornarei a enxergar. Nunca mais rever é uma pequena morte.

Uma garota passa por mim de bicicleta. Mal tenho tempo de reparar se é morena ou ruiva, se sua mochila é grande ou pequena. Mas foi uma garota percebida por minha retina, que cruzou minha vista e minha vida por breves segundos, e para nunca mais. Assim como o homem que me atende atrás de um balcão, que fala comigo – fala comigo! –, me sorri e tira minha dúvida, e num instante lhe agradeço e viro as costas, e jamais saberei se ele é um profundo conhecedor da obra de Nietzsche ou um rapaz perturbado pela falta da mãe ou ainda um boçal que nas horas vagas depreda orelhões. Ele existe ou não existe para mim? Não existe.

Finitude eu sinto quando me dou conta da existência de milhões de pessoas que eu jamais irei conhecer, com as quais jamais irei conversar e interagir. De todas as que poderiam me ensinar a ser mais tolerante, de todas as que poderiam me fazer rir, de todas as que eu poderia amar ou desprezar, sofrer por elas, esforçar-me por elas, crescer através delas. Finitude eu sinto quando cruzo um olhar que não me ficará nem na memória, pois não há tempo para lembranças efêmeras. Uma vez ensinei uma menina, na beira da praia, a reconhecer as letras do próprio nome, e já não lembro que nome era esse e que menina era aquela. Nem ela de mim sabe nada. Uma cena começa e termina sem continuidade: finitude. Neste instante enxergo um senhor debruçado sobre uma varanda, olhando o movimento. Ele espia a vida dos outros, que nunca mais reverá. Eu olho para esse singelo voyeur, que daqui a instantes também desaparecerá para sempre de minha atenção. No entanto, um ser humano é o que há de mais rico. Uma vida é o que há de mais original. Surgem e nos atropelam tantas vidas, tantas pessoas para sempre inacessíveis, desperdiçadas em seu talento, em seu potencial transformador, em sua capacidade de nos emocionar. A esmagadora maioria delas passa e não fica, são flashes do olhar. Agarremo-nos, pois, às que ficam, permanecem, são reconhecíveis pelo nome e pelo trajeto percorrido em nós. Aproveitemos o material humano de que dispomos: família e amigos e amores. Escassos, raros e profundamente necessários.

Sobre a foto: O sol também é finito. Todos os dias vemos ele morrer aos pouquinhos. E tem dias que seu fim é tão belo, tão certo, que esquecemos dessa pequena morte e apenas temos a sensação de mais um dia vivido, mais uma missão cumprida.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Mesmo Quando A Boca Cala


Foi você me olhar de lado e eu ao lado doido para
confessar.
Mesmo quando a boca cala o corpo quer falar.
Esses gestos incompletos,
olhos tão repletos de te desejar.
O direito de ir e vir, o desejo de ficar.
Tudo isso pra dizer que eu não sei dizer
onde é que isso vai dar.
Que eu não mando no querer, aliás,
é o querer que quer me governar.
Hoje eu vivo pra dizer, eu digo pra viver,
você é meu lugar.
Se o amor não nos quiser então azar do amor,
não soube nos amar...